Sobreviventes do Verão - Guilherme Tauil
Mas veja bem, não é pouca coisa, não. Machado de Assis, Clarice Lispector, Lima Barreto, Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga, e tantos outros conhecidos por serem cânone literário brasileiro adoravam escrever uma boa crônica, e eram conhecidos por elas também, não só por seus romances/poesias. A ideia da Zepelim, editora novinha, saindo do forno, é publicar crônicas de autores contemporâneos. E isso é maravilhoso.
É justo que o livro de batismo tenha sido o do fundador. Sobreviventes do Verão, de Guilherme Tauil, um taubateano-paulista - ele estudou Letras na USP, foi cronista na Gazeta de Taubaté, tem um acervo virtual enorme sobre Chico Buarque no Youtube, e escreve sobre literatura no Quarta Capa. São 35 crônicas, com os temas mais variados possíveis. Tem uma, por exemplo, sobre alienígena, outra sobre a preciosidade que é ter uma lagartixa de estimação, a palhaçada astronômica que tinham feito com Plutão há um tempo atrás (como assim Sailor Pluto perdeu seu planeta?), quitutes que tem a ousadia de possuir nome e sobrenome (impossível comer um bolo de mandioca pretensioso como o Souza Leão), uma mulher se maquiando, a arte de um trote, o absurdo da goleada alemã, a brilhante carreira teatral dos atrasados do ENEM, e pombos que desconhecem a etiqueta de um bebedouro.
Sobreviventes do Verão é aquele livro traiçoeiro, malandro, enganador: mesmo que seja constituído por várias crônicas pequeninas, o que sugere uma vantagem para os muito atarefados que queiram algo para ler nos cinco minutos do café, ele não tem a decência de te deixar satisfeito só com uma. Minha dica é que você nem pense em ler no ônibus. Vai perder seu ponto, pensando, "dá tempo para mais, eu tenho certeza!". Então, somente se estiver na segurança do seu computador, pode aproveitar, relaxar e ler um trecho do livro.
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